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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Um pouco de nossas ferrovias! Entrevista com Helio Suêvo - Engenheiro especialista em Ferrovias

 Com muita honra e satisfação, apresentamos a entrevista realizada com o Engenheiro especialista em
Ferrovias, Helio Suêvo. Renomado profissional e pesquisador na área, autor do livro: A Formação das Estradas de Ferro no Rio de Janeiro - O resgate da sua memória. 

O Engº Hélio Suêvo, durante uma entrevista concedida ao pesquisador Carlos Latuff
Imagem: Youtube/Carlos Latuff


(Fábio Torres) 1 - Como surgiu a primeira Estrada de Ferro do Brasil?

 Irineu Evangelista de Souza, Barão e posteriormente Visconde de Mauá (1813-1889) teve que brigar contra uma sociedade provinciana, que considerava o feitor dos escravos como o melhor gerente de recursos humanos. Quando expandiu seus negócios com 17 (dezessete) empresas em seis países, vieram os grandes adversários. Banqueiros internacionais, ditadores latinos, políticos e figuras da sociedade passaram a fazer parte da luta diária de Mauá, uma história que se confunde com o próprio nascimento do país.
 Quanto ao surgimento da primeira estrada de ferro, o Brasil se caracterizou por ser um país agrícola desde o seu descobrimento. O transporte de cana e do café eram executados por diligências, carretas de boi e tropas de mula com uma produção lenta e prescindia de rapidez. O cultivo do café no Vale do Paraíba e a grande aceitação do café brasileiro nos mercados interno e externo, sendo fundamental a adoção de um meio de escoamento mais rápido dessa produção para os portos com o objetivo de inserir o país no processo de industrialização. Daí pensou em uma ferrovia em direção a Minas Gerais e solicitou a concessão para a sua construção ligando o Porto de Mauá a Raiz da Serra de Petrópolis e através do Decreto em 12 de junho de 1852, ganhou o privilégio de explorar uma linha de navegação pela Baía de Guanabara, do Porto da Prainha, atual Praça Mauá, até um ponto localizado na Praia de Mauá no município de Magé e desse ponto o privilégio para construção de uma EF (Estrada de Ferro) até a localidade de Fragoso próximo a Raiz da Serra de Petrópolis, de onde estenderia suas linhas pelo interior até o Rio São Francisco.
A Ferrovia foi concluída e inaugurada em 30.04.1854.

 FT 2 - Qual a influência dos trens no desenvolvimento econômico e urbanístico da cidade do Rio de Janeiro?
 Com a sua chegada modificou usos e costumes de uma sociedade, refletindo um novo modo de viver, interferindo com o dinamismo das cidades por onde passava deixando uma marca na arquitetura e na cultura nacional.
 A ferrovia teve o seu papel estratégico no desenvolvimento do país, facilitando a circulação de riquezas e de pessoas na medida em que a fronteira econômica se interiorizava.


Livro "A Formação das Estradas de Ferro no Rio de Janeiro, o resgate da sua história",
de autoria de Hélio Suêvo Rodrigues
Foto: Site VFCO


FT 3 - A privatização das ferrovias no Brasil, causou algum impacto no sistema de transporte ferroviário de passageiros?  
 No Brasil, o processo de erradicação de ramais ferroviários foi iniciado por volta de 1959, pouco depois da criação da RFFSA (1957). Antes dela, muitas das 22 Estradas de Ferro a ela incorporadas possuíam o seu transporte de passageiros de subúrbios e de média e longa distância.
 A RFFSA se caracterizou pelo transporte de carga. Exceto os trens de subúrbios, os trens de médio e longo percurso não eram prioritários e operavam principalmente por força política. Quando do início do processo de privatização da malha ferroviária nacional da RFFSA em 1996, somente o Trem de Prata (Rio/São Paulo) operou até dezembro de 1998.
 Com o aumento da Produção de carga através das concessionárias ao longo do processo de privatização hoje, pode se dizer que é inviável a retomada no sistema de transporte de passageiros nas principais linhas troncos, exceto naquela em que as linhas estão sub utilizadas correspondiam a cerca de 60% da malha privatizada (hoje de 28.600Km).

(FT) 4 - O que o senhor tem a dizer sobre a implantação do trem - bala brasileiro RJ / SP, até 2016?
 
 Quanto a implantação do Trem de Alta Velocidade – TAV Brasil (RJ/São Paulo/Campinas) existe uma divergência grande no âmbito do governo federal. Se questiona a viabilidade econômica, a modelagem, a estimativa dos custos e a prioridade da obra.

(FT) 5 - De onde vem essa sua paixão por ferrovias?
 Desde os cinco anos de idade, meus pais me levavam nas suas viagens para Mangaratiba, Friburgo e Teresópolis de trem. Isso me marcou. Quando me formei em Engenharia Civil em 1975, tive a felicidade de ingressar na RFFSA e por coincidência fui engenheiro residente justamente no Ramal de Mangaratiba. Muitos ferroviários me ensinaram e aprendi acima de tudo a honrar a profissão de ferroviário e ficar fascinado pela ferrovia.


A equipe Turismobile, mais uma vez agradece a sua cortesia e colaboração. 

Hélio Suêvo, durante uma palestra sobre assuntos ferroviários.
Foto: MPF





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