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domingo, 9 de setembro de 2012

Estrada de Ferro Teresópolis

Até pouco além da metade do século XX, a cidade serrana de Teresópolis possuiu uma ferrovia, que ligava a cidade ao município de Magé, na Baixada Fluminense. Era a Estrada de Ferro Therezopolis, como era escrita em grafia da época.

Estação de Magé, em sua inauguração.
Foto cedida por Pedro Paulo Resende ao site "Estações Ferroviárias"
A cidade antes da ferrovia só era acessada em lombo de animais ou pequenas carruagens, que subiam com dficuldade a íngreme Serra dos Órgãos.
Em uma grande obra de engenharia, foi construída a ferrovia, que ligava o Porto de Piedade, às margens da Baía de Guanabara, à cidade de Teresópolis. Barcas faziam a ligação entre o Porto de Piedade e a cidade do Rio de Janeiro.
Porto de Piedade, em Magé.
Foto de Sciammarella - Flickr


Após a década de 1940, os trens pararam de circular entre Piedade e Magé, vindo diretamente pela linha da Estrada de Ferro Leopoldina passando por diversos bairros da zona norte do Rio de Janeiro e pelos municípios de Duque de Caxias e Magé. Ao chegar em Guapimirim, os passageiros faziam uma baldeação e embarcavam em trens que subiam a Serra dos Órgãos utilizando o sistema de cremalheira, uma espécie de roda dentada que auxiliava a operação e tração dos trens na subida e descida da serra.

Monumento à Cremalhera, sistema utilizado para auxiliar o tráfego de trens em trechos de Serra.
Este monumento encontra-se em Petrópolis, em frente onde fica a estação Alto da Serra

A ferrovia trouxe muito progresso à cidade, que podia ser acessada em aproximadamente duas horas a partir do Centro da capital. Além do clima privilegiado e salubre que a cidade possuía e possui, a viagem de trem era um dos grandes atrativos, com paisagens e vistas de tira o fôlego !
Mas isso acabou em 1957, quando a linha foi erradicada por ser considerada anti-econômica, causando grande tristeza aos moradores da aprazível cidade, que agora poderia ser acessada por rodovia.


Da estação Guapimirim ainda se pode ver o caminho que os trens faziam para subir a Serra dos Órgãos. Infelizmente, estes trilhos acabam onde está o muro, ao fundo.
Foto: Dado DJ - Trilhos do Rio


Rio Sobêrbo, em Guapimirim
Foto: Dado DJ - Trilhos do Rio

Com a erradicação da linha, o antigo leito ferroviário foi pavimentado e transformado em rua. Mesmo com este passado histórico, o local tornou-se um ótimo passeio, pois se pode acompanhar exatamente o percurso por onde o trem passava. Um convite irrecusável, que reúne aventura, resistência, história e belas paisagens.


Ruas onde antigamente passava o trem
Foto: Dado DJ - Trilhos do Rio


 Subindo, observando o que já se passou, respirando o ar puro da Serra dos Órgãos
Foto: Dado DJ - Trilhos do Rio

A bela paisagem Serrana da região
Foto: Dado DJ - Trilhos do Rio

É possível subir até a localidade conhecida como Barreira, onde existe um grande restaurante, que conta com acervo fotográfico da ferrovia e uma pequena amostra de trilhos com o sistema de cremalheira.

 Trilhos e cremalheira
Foto: Dado DJ - Trilhos do Rio

A partir deste ponto, onde existiu uma estação ferroviária antigamente, não é possível continuar pois o antigo leito ferroviário foi ocupado por habitações. É hora de voltar. Mas antes, uma bela imagem da Capela de Nossa Senhora da Conceição do Soberbo, datada de 1713 e locaizada em uma ilha nos braços do Rio Soberbo.

Capela de Nossa Senhora da Conceição do Soberbo.
Foto: Dado DJ - Trilhos do Rio


O retorno pode ser feito descendo pelo mesmo caminho, ou acessando uma via asfaltada que terminará na rodovia Rio-Teresópolis, onde se pode embarcar em um ônibus em direção à Magé.
Ainda não são organizadas expedições regulares ao local, mas o passeio é lindo e recompensante, uma ótima pedida para fugir da agitação do dia-a-dia e se refrescar com o clima local e as águas de rio da Serra dos Órgãos.
Um filhote de inseto, uma pequena (literalmente) amostra da bela fauna do local
Foto: Pablo Lira

Informe-se sobre o clima na região anteriomente, e as condições das estradas.
Pode-se também ir de trem, desde a Central do Brasil até Guapimirim, com baldeação em Saracuruna. Há poucos horários diários, mas o passeio de trem vale a pena, e ajuda a conhecer como era a rotina antigamente para se alcançar a cidade de Teresa, a inesquecível Teresópolis. 




 Fotos: Dado DJ - Trilhos do Rio






terça-feira, 21 de agosto de 2012

Um pouco de nossas ferrovias! Entrevista com Helio Suêvo - Engenheiro especialista em Ferrovias

 Com muita honra e satisfação, apresentamos a entrevista realizada com o Engenheiro especialista em
Ferrovias, Helio Suêvo. Renomado profissional e pesquisador na área, autor do livro: A Formação das Estradas de Ferro no Rio de Janeiro - O resgate da sua memória. 

O Engº Hélio Suêvo, durante uma entrevista concedida ao pesquisador Carlos Latuff
Imagem: Youtube/Carlos Latuff


(Fábio Torres) 1 - Como surgiu a primeira Estrada de Ferro do Brasil?

 Irineu Evangelista de Souza, Barão e posteriormente Visconde de Mauá (1813-1889) teve que brigar contra uma sociedade provinciana, que considerava o feitor dos escravos como o melhor gerente de recursos humanos. Quando expandiu seus negócios com 17 (dezessete) empresas em seis países, vieram os grandes adversários. Banqueiros internacionais, ditadores latinos, políticos e figuras da sociedade passaram a fazer parte da luta diária de Mauá, uma história que se confunde com o próprio nascimento do país.
 Quanto ao surgimento da primeira estrada de ferro, o Brasil se caracterizou por ser um país agrícola desde o seu descobrimento. O transporte de cana e do café eram executados por diligências, carretas de boi e tropas de mula com uma produção lenta e prescindia de rapidez. O cultivo do café no Vale do Paraíba e a grande aceitação do café brasileiro nos mercados interno e externo, sendo fundamental a adoção de um meio de escoamento mais rápido dessa produção para os portos com o objetivo de inserir o país no processo de industrialização. Daí pensou em uma ferrovia em direção a Minas Gerais e solicitou a concessão para a sua construção ligando o Porto de Mauá a Raiz da Serra de Petrópolis e através do Decreto em 12 de junho de 1852, ganhou o privilégio de explorar uma linha de navegação pela Baía de Guanabara, do Porto da Prainha, atual Praça Mauá, até um ponto localizado na Praia de Mauá no município de Magé e desse ponto o privilégio para construção de uma EF (Estrada de Ferro) até a localidade de Fragoso próximo a Raiz da Serra de Petrópolis, de onde estenderia suas linhas pelo interior até o Rio São Francisco.
A Ferrovia foi concluída e inaugurada em 30.04.1854.

 FT 2 - Qual a influência dos trens no desenvolvimento econômico e urbanístico da cidade do Rio de Janeiro?
 Com a sua chegada modificou usos e costumes de uma sociedade, refletindo um novo modo de viver, interferindo com o dinamismo das cidades por onde passava deixando uma marca na arquitetura e na cultura nacional.
 A ferrovia teve o seu papel estratégico no desenvolvimento do país, facilitando a circulação de riquezas e de pessoas na medida em que a fronteira econômica se interiorizava.


Livro "A Formação das Estradas de Ferro no Rio de Janeiro, o resgate da sua história",
de autoria de Hélio Suêvo Rodrigues
Foto: Site VFCO


FT 3 - A privatização das ferrovias no Brasil, causou algum impacto no sistema de transporte ferroviário de passageiros?  
 No Brasil, o processo de erradicação de ramais ferroviários foi iniciado por volta de 1959, pouco depois da criação da RFFSA (1957). Antes dela, muitas das 22 Estradas de Ferro a ela incorporadas possuíam o seu transporte de passageiros de subúrbios e de média e longa distância.
 A RFFSA se caracterizou pelo transporte de carga. Exceto os trens de subúrbios, os trens de médio e longo percurso não eram prioritários e operavam principalmente por força política. Quando do início do processo de privatização da malha ferroviária nacional da RFFSA em 1996, somente o Trem de Prata (Rio/São Paulo) operou até dezembro de 1998.
 Com o aumento da Produção de carga através das concessionárias ao longo do processo de privatização hoje, pode se dizer que é inviável a retomada no sistema de transporte de passageiros nas principais linhas troncos, exceto naquela em que as linhas estão sub utilizadas correspondiam a cerca de 60% da malha privatizada (hoje de 28.600Km).

(FT) 4 - O que o senhor tem a dizer sobre a implantação do trem - bala brasileiro RJ / SP, até 2016?
 
 Quanto a implantação do Trem de Alta Velocidade – TAV Brasil (RJ/São Paulo/Campinas) existe uma divergência grande no âmbito do governo federal. Se questiona a viabilidade econômica, a modelagem, a estimativa dos custos e a prioridade da obra.

(FT) 5 - De onde vem essa sua paixão por ferrovias?
 Desde os cinco anos de idade, meus pais me levavam nas suas viagens para Mangaratiba, Friburgo e Teresópolis de trem. Isso me marcou. Quando me formei em Engenharia Civil em 1975, tive a felicidade de ingressar na RFFSA e por coincidência fui engenheiro residente justamente no Ramal de Mangaratiba. Muitos ferroviários me ensinaram e aprendi acima de tudo a honrar a profissão de ferroviário e ficar fascinado pela ferrovia.


A equipe Turismobile, mais uma vez agradece a sua cortesia e colaboração. 

Hélio Suêvo, durante uma palestra sobre assuntos ferroviários.
Foto: MPF





sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Exposição de imagens: Serra da Estrela e Petrópolis

No dia 07 de abril de 2012, a Equipe Turismobile promoveu um passeio especial: uma visita a Petrópolis como se fazia antigamente, de trem, passando pela belíssima Serra da Estrela.
Infelizmente, desde 1964, os trens não realizam mais o serviço de transporte até a cidade, parando em Vila Inhomirim (antiga Raiz da Serra), um bairro da cidade de Magé. Então, a partir de Saracuruna, embarcamos em um ônibus que sobe por quase o mesmo caminho que o trem fazia, até o bairro Alto da Serra, em Petrópolis, e a partir daí seguimos a pé, conhecendo e apreciando as mil belezas Petropolitanas.
Abaixo segue uma exposição das belas fotos a nós enviadas pelos participantes da expedição, aos quais agradecemos muito pela colaboração e pela presença no passeio.
Quem foi à expedição e quiser enviar suas fotos para postarmos aqui neste tópico, favor enviar para o email
turismobile@gmail.com.

Muito obrigado, e nos vemos nas próximas aventuras !


Organização


                                                            Desembarque - Alto da Serra
                                                                                   Foto: Fábio Torres
                                    

No trajeto do trem, algumas atrações: na imagem o Teleférico do Complexo do Alemão
Foto: Geraldo Mello

Pausa para uma foto dentro do trem
Foto: Geraldo Mello


Carro de passageiros quase exclusivamente Turismobile ;-)
Foto: Eduardo P.Moreira (Dado)

Passando por Duque de Caxias
Foto: Geraldo Mello
A História da ferrovia sendo contada por Fabio (na imagem) e Dado, na estação Saracuruna
Foto: Geraldo Mello

Estação Saracuruna: hora de embarcar no ônibus rumo ao Alto da Serra.
Foto: José Luiz




A belíssima Serra da Estrela
Foto: José Luiz




Marco da Estrada Real
Foto: José Luiz




Subindo a Serra: linda paisagem
Foto: José Luiz
Por aqui o trem subia e chegava ao Alto da Serra
Foto:Eduardo P.Moreira (Dado)

Praça e monumento à Cremalheira, mecanismo que auxiliava o tráfego dos trens na serra.
Foto: Eduardo P.Moreira (Dado)


Vila de casas no Alto da Serra: a ferrovia passava por aqui, com a Rua Teresa à esquerda, fora da imagem




Praça D.Pedro, com o Obelisco




Monumento a D.Pedro II




Theatro D.Pedro
Foto: José Luiz

Charretes disponíveis para passeios pelas atrações de Petrópolis
Foto: José Luiz


O condutor das charretes, em roupas típicas
Foto: Maria Luia Villar Cirne

Catedral Pedro de Alcântara
Foto: Eduardo P.Moreira (Dado)

Os expedicionários na entrada da Catedral
Foto: Eduado P.Moreira (Dado)

Altar da Catedral Pedro de Alcântara
Foto: José Luiz




Mausoléu da Família Imperial, na Catedral Pedro de Alcântara
Foto: José Luiz





Placa no monumento a Julio Koeler
Fotos: José Luiz





Casa da Princesa Isabel
Foto: José Luiz





Praça 14 Bis
Foto: José Luiz




Universidade de Petrópolis e Relógio das Flores
Foto: José Luiz





Casa de Santos Dumont, com Fabio Torres à frente do grupo
Foto: Andreia Dejus
Mirante Trono de Fátima
Foto: Eduardo P.Moreira (Dado)




Imagem no mirante Trono de Fátima
Foto: José Luiz




Vista do Trono de Fátima. Neste dia, as nuvens estavam baixas
Foto: José Luiz

Foto dos expedicionários, no Trono de Fátima
Foto: Eduardo P.Moreira (Dado)











Casa de Santos Dumont, e Fabio Torres a frente do grupo
Foto: Andreia Dejus

Vídeo da expedição. Não deixem de assistir ! Gravação e edição: Eduardo P.Moreira (Dado DJ)

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